Quem trabalha com Direito Médico sabe que a publicidade em redes sociais é hoje um dos grandes geradores de denúncias e processos éticos disciplinares nos Conselhos Regionais de Medicina pois, se por um lado, o CFM não é exaustivo nas normativas sobre o tema, por outro, a concorrência crescente tem levado à necessidade do médico de aparecer para seu paciente.
A exposição do paciente é comum nas especialidades ligadas à estética, como Cirurgia Plástica e Dermatologia e pouco se pensa acerca da exposição deste em áreas de atuação como os Cuidados Paliativos. Contudo, são cada vez mais frequentes as postagens de médicos com área de atuação em Cuidados Paliativos de fotos de seus pacientes ou ainda de relatos das histórias, com narrativas sensíveis e amorosas, justificadas pela necessidade de difundir os Cuidados Paliativos e de compartilhar os percalços e as alegrias em se trabalhar com pacientes em fim de vida.
Trata-se, efetivamente, de uma exposição diversa daquela praticada em postagens do tipo “antes e depois”, pois há um sentimento de solidariedade que permeia as postagens nos Cuidados Paliativos, sendo difícil, na maioria dos casos, a verificação clara de conduta sensacionalista ou mercantilista do profissional. Entretanto, tal dificuldade não retira a antieticidade dessas postagens, uma vez que continuam violando o Manual de Publicidade Médica do CFM e o Código de Ética Médica.